domingo, 26 de outubro de 2014

Dilma



Não sou nenhuma estudiosa política ou historiadora, nem posso dizer que lembro perfeitamente do temo em que o PSDB governou nosso país, pois neste tempo eu tinha entre 7 e 14 anos o que significa que minha consciência política era praticamente inexistente. Assim como milhares de outras pessoas, quando o período das campanhas começou, eu tinha uma única certeza: mesmo sem saber quem eram os outros candidatos à presidência, eu jamais votaria na Dilma, achava que o PT já tinha ficado tempo demais no poder e que o partido era feito de corrupção (mais uma vez eu mostrava a minha falta de consciência política). A campanha começou e eu ouvi os múrmurios de que o tal do Aécio "não é boa coisa" e que qualquer um que fosse estudar o histórico dele saberia disso, eliminei ele da minha lista de opções. Considerei Eduardo Campos, mas ele veio a falecer, então aceitei que votaria em Marina, sua sucessora, como já havia feito outras vezes.Tenho admiração ela história de vida da Marina, mas achei que ela era inconsistente e que estava fazendo a política de agradar à todos, deixando sua causa (o meio ambiente) de lado. Foi quando fiquei num beco sem saída que a Luciana Genro apareceu, gostei dela, da sua objetividade e da sua coragem, muitas das minhas ideologias parecem-se com as dela e a ideia do Partido Socialista muito me agrada, decisão para o primeiro turno tomada, porém já me preocupava com o segundo, pois sabia que minha candidata não chegaria lá. Foi quando conversei com uma colega de trabalho, médica, que veio lá do interior do nordeste daqueles lugares onde as pessoas passam fome, que uma luz se acendeu! Eu que era tão anti-PT ouvi de alguém que admiro que seu voto seria da Dilma, e um dos motivos é que lá no interior de onde ela veio ainda existe a seca, mas ninguém mais passa fome. Eu que, graças à Deus, nunca passei fome, parei pela primeira vez para imaginar como a fome sem a possibilidade de saciedade deve doer e o quanto é vitorioso para o nosso país saber que milhares de pessoas que antes sentiam essa dor constantemente hoje tem o que comer, pouco tempo depois a ONU divulgou que pela primeira vez na história o Brasil saiu da lista dos países no mapa da fome, felicidade foi o que senti. Como psicóloga que sou me lembrei da teoria de Maslow e sua hierarquia das necessidades que diz, que se o ser humano não tiver suas necessidades fisiológicas (fome, sede...) saciadas, não conseguira satisfazer as seguintes... Como alguém pode estudar, trabalhar, ler e se desenvolver se não tem comida no prato ou se vê seus filhos chorarem de fome?! Falei que sou psicóloga, então vamos à mais um motivo que me levou a mudar de ideia em relação à Dilma. Durante os 12 anos do PT, passei cerca de 9 estudando em instituições federais, ensino médio no CEFET-RR e ensino superior na UFRR, nesse quesito eu poderia ser egoísta e dizer que se hoje sou psicóloga (profissão com a qual sempre sonhei) é porque durante o governo do PT houve uma enorme expansão da Universidade Federal de Roraima e a chegada de novos cursos, entre eles o de Psicologia e graças à isso realizei meu sonho e hoje vivo e me sustento disso, mas vou além: eu não só li, mas tenho vivido a expansão do ensino superior no nosso país, tenho amigos que estudam pelo PROUNI, primo que vai ser advogado graças ao FIES, conhecidos que entraram na universidade de medicina graças ao aumento significativo de vagas para este curso, colegas que estudaram a vida inteira em escolas estaduais de qualidade duvidosa e conseguiram através de cotas estar na universidade, na minha família, nenhum dos filhos dos meus avós fez faculdade porque naquela época o ensino superior era para pouquissimos, apenas para quem podia pagar, já os netos da minha avó só não fez ou faz faculdade quem não quer, porque as opções estão aí e são muitas! Outro fator determinante que me ajudou nessa escolha foi o programa Mais Médicos para o Brasil, que muitos médicos brasileiros e o próprio CFM se posicionam contra, o que tenho a dizer sobre isso é que na unidade básica de saúde que trabalho os quatro médicos são estrangeiros e participantes deste programa e eu vejo no meu dia-a-dia o quanto esse programa tem sido benéfico para a população aqui do norte, onde muitos médicos brasileiros não querem estar.
Depois de ter me dado conta desses fatores e com o segundo turno já definido, resolvi estudar um pouco, ler tudo o que eu podia em relação aos dois partidos e aos dois candidatos, decidi que, talvez pela primeira vez, eu realmente votaria de forma consciente. Nos meus estudos descobri que a corrupção, infelizmente, não é exclusividade do PT, ela está arraigada nas raízes políticas brasileiras e o PSDB também tem um longo histórico de corrupção com a diferença que nesse caso ninguém foi julgado ou punido. Logo quem usa a corrução como medida para escolher em quem vai votar, está usando a medida errada! Aécio perdeu o primeiro turno em Minas, estado no qual governou, esse fato me surpreendeu, depois descobri que além dos aeroportos que construiu em suas próprias terras o então governador desvalorizava a educação naquele estado, humilhava professores através de um salario abaixo do piso e ainda usava meios coecertivos para abafar a mídia daquele estado que estava comprometida com a verdade.
Tendo visto tudo isso, decidi sem a menor sombra de dúvidas que apoiaria a Dilma. Não acho que o Brasil esteja de uma forma ideal, assim como não acho que Dilma seja uma santa ou que uma heroina, mas entre as opções que me foram dadas tenho certeza de qual é a melhor. E a diminuição da desigualdade no Brasil é inegável nesses últimos anos, quando escolho votar na Dilma, não faço uma escolha apenas por mim e sim por todos aqueles que viviam na linha da miséria e pelos que ainda vivem, por todos aqueles que eram excluídos do ensino superior ou do mercado de trabalho e hoje têm acesso às duas coisas e, principalmente, por quem já teve que acordar e dormir com fome e hoje têm na mesa ao menos o necessário para não passar mais fome e viver com dignidade!

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