quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sobre os ciclos...

De tudo o que eu deixei de escrever e agora necessito deixar aqui, o mais urgente é sobre as emoções contraditórias que senti hoje. Então vamos lá:


A vida é cíclica.
Hoje, mais do que nunca, tive essa certeza.
E por mais que já tenhamos encerrado diversos ciclos, essa experiência jamais passará por nós de forma indiferente ou somos nós que jamais passaremos por ela com indiferença. Dizer adeus à pessoas, lugares ou fases da nossa vida é algo que mistura dentro de nós sentimentos tão contraditórios que, às vezes, nem parecem caber no mesmo peito. Mas cabem.
Pelo menos foi assim que me senti hoje no meu último dia de trabalho no Centro de Educação Especial, lugar onde nunca almejei trabalhar, mas (talvez por força do destino) trabalhei durante pouco mais de dez meses. Atendendo pela ultima vez alguns dos meus pacientes (que só podiam ser chamados de estudantes) vi um filme passando na minha frente.
 O filme mostrou desde o momento em que recebi a ligação chamando para este trabalho, passando pela agonia de recolher todos os documentos necessários em uma manhã, a mudança de cidade rápida e inesperada, a alegria e ajuda inestimável de pessoas que me amam e torcem por mim... o primeiro dia de trabalho naquele ambiente que me era totalmente estranho e passando a atuar em um mundo que me era tão distante. Lembro perfeitamente das sensações que tive diante de cada nova criança que chegava para o atendimento (medo, surpresa, carinho, simpatia, impotência, vontade de fazer mais), fui apresentada na prática a um mundo que, para mim, era tão desconhecido.
Crianças com altismo, atraso no desenvolvimento, síndrome de Down, aspeger, paralisias, dificuldades de aprendizagem, TDAH, problemas de comportamento e tantos outros diagnósticos. Foi com crianças assim que convivi durante esse tempo e vi nelas muito mais do que um diagnóstico, muitas vezes me vi como uma aprendiz em frente a elas, outras como a professora. o certo é que serei eternamente grata por esta experiência, por esta aprendizagem e por ter podido, através da psicologia, contribuir para a melhora destas crianças que são especiais sim, cada uma de um jeito único.
E hoje este ciclo se encerrou, eu sempre soube que ele não duraria mais que um ano e sei que o que está por vir tende a ser melhor. Já aprendi que alguns ciclos precisam se fechar para que outros melhores comecem e mesmo tendo a certeza de que quero muito iniciar uma nova fase profissional não foi sem choro que assinei meu termo de desligamento e abracei carinhosamente os agora ex-colegas de trabalho.
E como uma colega me disse ao se despedir de mim: "Chegou a hora de ajudar outras pessoas!"



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